Revogado pelo Decreto
n.º 4628-R, de 14.04.20, efeitos a partir de 15.04.20:
Decreto nº 4582-R. Revogado
DIO:
21/02/20
DECRETO
Nº 4582-R, DE 20 DE FEVEREIRO DE 2020.
Regulamenta a Lei nº 11.001,
de 12 de junho de 2019, que autoriza a utilização e a transferência de crédito
acumulado de ICMS para terceiros e dá outras providências.
O GOVERNADOR
DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, no uso das atribuições legais que lhe confere
o art. 91, III da Constituição Estadual, e com as informações constantes do
processo nº 2020-5LVB5;
DECRETA:
Art. 1º Para os fins de que trata a Lei nº 11.001, de 12 de
junho de 2019, os saldos credores de ICMS, acumulados em decorrência das
operações e prestações de que tratam o inciso II e o § 1º do art. 4º da Lei nº
7.000, de 27 de dezembro de 2001, em razão de saídas amparadas pela não
incidência prevista no art. 3º, II, da Lei Complementar Federal nº 87, de 13 de
setembro de 1996, poderão ser utilizados ou transferidos a terceiros, desde que
a sua posterior utilização esteja vinculada:
I - ao desenvolvimento de projeto de investimento produtivo, de
relevante interesse social e econômico, pelo contribuinte detentor dos
créditos, conforme disposto no art. 2º;
II - a que o saldo credor acumulado de ICMS seja utilizado pelo
estabelecimento exportador, ou transferido a terceiros, para fins de:
a) compensação com débito tributário de ICMS relativo a imposto,
multa, acréscimos e atualização monetária;
b) compensação com dívidas inscritas em dívida ativa do Estado,
ajuizadas ou não, cujo fato gerador tenha ocorrido até 31 de dezembro de 2018;
c) aquisição de máquinas ou equipamentos utilizados em processo
industrial, quando o detentor ou o destinatário vier a se instalar no Estado do
Espírito Santo ou expandir aqui sua capacidade produtiva mediante investimento
em ativo imobilizado; e
d) aquisição de caminhões ou de chassi com motor, novos,
efetuada por estabelecimento prestador de serviço de transporte de bem,
mercadoria ou valor, para utilização no exercício de sua atividade, desde que
os veículos sejam emplacados no Estado do Espírito Santo.
Parágrafo único. A transferência prevista neste artigo aplica-se
exclusivamente aos créditos homologados pelo Secretário de Estado da Fazenda,
reconhecidos conforme o Regulamento do ICMS – RICMS/ES –, aprovado pelo Decreto
nº 1.090-R, de 25 de outubro de 2002.
DO
PROJETO DE INVESTIMENTO PRODUTIVO
Art. 2º O contribuinte detentor dos créditos acumulados de ICMS
deverá apresentar na Secretaria de Estado de Desenvolvimento - SEDES – o
projeto de investimento produtivo até 30 de julho de 2020 observado o seguinte:
I - o projeto deverá ser instruído, com a seguinte documentação:
a) roteiro de projeto contendo as informações relativas aos
investimentos programados, demonstrativo das repercussões econômicas,
financeiras e tributárias do empreendimento, comunicação do impacto social e de
infraestrutura, histórico da empresa ou do grupo empreendedor;
b) certidão negativa perante a Fazenda Estadual da localização
do estabelecimento matriz, caso seja localizado em outra unidade da Federação,
e não tenha inscrição neste Estado; e
c) procuração do representante legal, se for o caso.
II - o projeto deverá ter prazo máximo de conclusão de 04
(quatro) anos, contados a partir da obtenção de todas as licenças e
autorizações governamentais necessárias; e
III - grupo técnico da SEDES, em conjunto com o BANDES, procederá à
análise do projeto que será, posteriormente, submetido ao Comitê de Avaliação
instituído pelo art. 12 da Lei nº 10.550, de 30 de junho de 2016, para a
aprovação.
§ 1º Para os fins de que trata este Decreto, considera-se
projeto de investimento produtivo, de relevante interesse social e econômico,
aquele que tiver por objeto:
I - execução de empreendimento com potencial geração de emprego
e renda;
II - atração de investimentos para este Estado;
III - expansão, modernização e diversificação dos setores
produtivos deste Estado; e
IV - implantação ou ampliação de armazéns e infraestruturas
logísticas existentes, renovação tecnológica das estruturas produtivas,
otimização da atividade de importação de mercadorias ou bens ou aumento da
competitividade estadual.
§ 2º O projeto de investimento produtivo financiado com
recursos originários pela transferência dos créditos acumulados será aprovado
somente se:
I - sua implementação originar ou incrementar operações voltadas
para o mercado nacional, com incidência do imposto; ou
II - prever a criação de empregos diretos no Estado do Espírito
Santo equivalentes a, no mínimo, cinco por cento do quantitativo dos empregados
do contribuinte detentor dos créditos acumulados lotados neste Estado,
observado o patamar na data da publicação deste Decreto, sendo obrigatória a
sua manutenção pelo prazo mínimo de 24 (vinte e quatro) meses.
§ 3º A apropriação do crédito acumulado de ICMS recebido em
transferência deverá ser feita:
I - à razão estabelecida pelo Comitê de Avaliação, dentro dos
limites previstos no art. 3º da Lei nº 11.001, de 2019, nas situações previstas
no art. 1º, II, "a", "c" e "d"; e
II - em parcela única, na situação prevista no art. 1º, II,
"b".
§ 4º Para aprovar projetos de investimento produtivo com as
finalidades previstas no art. 1º, II, "a", "c" e
"d", o Comitê de Avaliação deverá considerar o limite imposto pelo
parágrafo único do art. 3º da Lei nº 11.001, de 2019.
§ 5º A existência de débito para com a Fazenda Pública Estadual
não impede a utilização ou a transferência dos créditos acumulados, na hipótese
prevista no art. 1º, II, "b".
§ 6º O Comitê de Avaliação se reunirá em sessão extraordinária
com a finalidade exclusiva de deliberar sobre os projetos de que trata este
artigo.
Art. 3º O prazo previsto no §3º do art. 1º da Lei nº 11.001,
de 2019 terá início na data de obtenção de todas as licenças e autorizações
governamentais necessárias para a execução do projeto de investimento, estando
o contribuinte obrigado a apresentar à SEDES todas as licenças e autorizações
no prazo de até 10 (dez) dias de sua obtenção.
Parágrafo único. O requerimento das licenças e autorizações
governamentais junto aos organismos competentes deve ser providenciado e
apresentado à SEDES no prazo máximo de 06 (seis) meses, a contar da efetivação
da autorização de transferência dos créditos, sob pena de suspensão da
transferência e da apropriação de créditos.
Art. 4º Caberá ao BANDES em conjunto com a SEDES a fiscalização
e o acompanhamento da execução do projeto de investimento produtivo, devendo
comunicar à Secretaria de Estado da Fazenda - SEFAZ – a ocorrência das
seguintes hipóteses:
I - descumprimento das condições fixadas no termo;
II - alteração do projeto sem comunicação e aprovação do Comitê;
III - conduta ou atividade lesiva ao meio ambiente;
IV - prática de crime contra a ordem tributária ou de sonegação
fiscal;
V - paralisação definitiva das atividades; e
VI - conduta ou atividade lesiva à ordem econômica.
Parágrafo único. Grupo técnico formado por SEDES e BANDES
promoverá visita técnica para efeito de emissão de laudo de constatação do
investimento parcial ou totalmente implantado, com base no projeto aprovado.
DO
REQUERIMENTO PARA TRANSFERÊNCIA E UTILIZAÇÃO
Art. 5º Após a aprovação do projeto de investimento produtivo,
o contribuinte detentor dos créditos acumulados de ICMS deverá apresentar, em qualquer
Agência da Receita Estadual ou no Protocolo Geral da SEFAZ:
I - requerimento para utilização de saldos credores, se o
contribuinte detentor for o próprio usuário dos créditos, exceto para as
hipóteses legais de utilização de créditos já regulamentadas; ou
II - requerimento para transferência e utilização de saldos
credores, se houver a transferência de créditos para a utilização de terceiro.
§ 1º Os requerimentos deverão:
I - ser devidamente instruídos com:
a) demonstrativo dos saldos credores de ICMS de que trata o art.
1º, com indicação do respectivo ato homologatório expedido pelo Secretário de
Estado da Fazenda;
b) demonstrativo dos débitos fiscais a serem liquidados, com
indicação dos valores e dos números do auto de infração, da certidão de dívida
ativa ou do aviso de cobrança, e dos respectivos processos instaurados para sua
exigência, nas hipóteses do art. 1º, II, "b";
c) declaração de que o estabelecimento destinatário do crédito
não se encontra em nenhuma das hipóteses previstas no art. 4º da Lei nº 11.001,
de 2019;
d) declaração de desistência de recursos administrativos ou
judiciais porventura interpostos pelo estabelecimento detentor e destinatário
dos créditos, que visem a contestar a exigência dos créditos e débitos
tributários transacionados;
e) documento comprobatório da aprovação do projeto de
investimento produtivo pelo Comitê de Avaliação, na forma do art. 2º;
f) cópia do contrato firmado com o fornecedor de máquinas,
equipamentos ou veículos, na hipótese da transferência de que trata o art. 1º,
§ 2º da Lei nº 11.001, de 2019;
II - conter a indicação da finalidade prevista no art. 1º, II,
para o qual será utilizado o crédito acumulado de ICMS transferido, respeitados
os limites estabelecidos no art. 2º da Lei nº 11.001, de 2019; e
III - ser assinados por representantes legais do estabelecimento
detentor e do destinatário do crédito acumulado de ICMS, se for o caso, sendo
vedada a aglutinação no mesmo requerimento de pedidos referentes a mais de um
processo.
§ 2º O demonstrativo de que trata o § 1º, I, "a",
deverá ser apresentado com os registros de utilizações do crédito homologado,
desde a data da homologação até o mês anterior ao da protocolização do
requerimento.
§ 3º Será deferida a transferência ou utilização somente dos
créditos cujos fatos geradores tenham ocorrido antes da apresentação do projeto
de investimento.
Art. 6º O processo de requerimento será distribuído à Turma de
Julgamento de Primeira Instância da Gerência Tributária, que deverá examiná-lo,
emitindo parecer circunstanciado, na hipótese em que o contribuinte detentor
for o próprio usuário dos créditos, ou resolução, na hipótese de transferência
de créditos para a utilização de terceiro, encaminhando o processo, no prazo de
30 (trinta) dias, contado da data em que o tiver recebido, ao Secretário de
Estado da Fazenda, para decisão.
§ 1º O pedido apenas será acolhido se:
I - estiver de acordo com as normas estabelecidas na Lei nº
11.001, de 2019, e neste Decreto, especialmente com o disposto no art. 4º; e
II - o estabelecimento detentor tiver escriturado regularmente o
crédito acumulado na Estruturação Fiscal Digital - EFD.
§ 2º Os interessados poderão ser intimados para o saneamento do
requerimento.
§ 3º As diligências e os pedidos de informação solicitados
suspendem o prazo de que trata o caput.
§ 4º Após a decisão do Secretário de Estado da Fazenda de que
trata o caput, se a finalidade do requerimento for a prevista no:
I - art. 1º, II, "b", deverá ser observado o seguinte:
a) o processo será encaminhado para a Procuradoria Geral do
Estado - PGE para:
1. celebração do termo de transação para extinção do débito
inscrito em dívida ativa, na hipótese em que o contribuinte detentor for o
próprio usuário dos créditos; ou
2. manifestação prévia, na hipótese de transferência de créditos
para a utilização de terceiro, conforme disposto no art. 6º da Lei nº 11.001,
de 2019; ou
b) em caso de manifestação positiva da PGE, o processo será
encaminhado para a Turma de Julgamento responsável, que intimará o interessado
para emissão da nota fiscal de transferência dos créditos acumulados, minutará
o termo de autorização de transferência de créditos acumulados e intimará os
interessados para assinatura;
c) autorizada a transferência, o processo retornará à PGE, para
celebração do termo de transação para extinção do débito inscrito em dívida
ativa; ou
II - art. 1º, II, "a", "c" e "d",
o processo deverá ser encaminhado para a Turma de Julgamento responsável para:
a) se o contribuinte detentor for o próprio usuário dos
créditos, minutar o termo de autorização para utilização de créditos acumulados
e intimar o interessado para assinatura; ou
b) se houver a transferência de créditos para a utilização de
terceiro, intimar o detentor do crédito para emissão da nota fiscal de
transferência dos créditos acumulados, no prazo de 30 (trinta) dias, contado do
recebimento da intimação.
§ 5º No termo de autorização para transferência de créditos
acumulados, se a finalidade do requerimento for a prevista no art. 1º, II,
"a", "c" e "d", deverá constar:
I - o valor total aprovado da autorização de transferência;
II - que a transferência será realizada em etapas
correspondentes ao valor de 12 (doze) meses de apropriação, sendo emitida uma
nota fiscal de transferência dos créditos acumulados para cada etapa;
III - a emissão da nota para cada etapa sucessiva dependerá de
renovação semestral da autorização, requerida à SEFAZ a qualquer tempo e
aprovada diretamente pelo Secretário de Estado da Fazenda, que definirá o valor
a ser transferido, sendo dispensado o reexame pelas Turmas de Julgamento; e
IV - a possibilidade de suspensão da utilização dos créditos em
decorrência de superveniente frustração da expectativa de arrecadação de ICMS.
Art. 7º A nota fiscal de transferência dos créditos acumulados
prevista neste Decreto, sem prejuízo dos dados relativos ao destinatário,
conterá:
I - a expressão "Transferência de crédito acumulado à
empresa......, conforme Lei nº 11.001, de 12 de junho de 2019";
II - a finalidade da transferência, de acordo com o art. 1º, II;
e
III - o valor do crédito transferido em algarismos e por
extenso.
§ 1º Considerar-se-á desistência em relação ao requerimento:
I - a falta de emissão da nota fiscal de transferência dos
créditos acumulados, hipótese em que os interessados serão comunicados e o
processo deverá ser arquivado; e
II - o não comparecimento para celebração do termo, após a
emissão da nota fiscal de transferência dos créditos acumulados, caso em que o
destinatário dos créditos deverá efetuar seu estorno, mediante emissão de nota
fiscal de devolução do crédito.
§ 2º A chave de acesso da nota fiscal emitida de acordo com o caput
será informada à Turma de Julgamento responsável, que deverá:
I - minutar o termo de autorização de transferência de créditos
acumulados;
II - minutar o termo de autorização para utilização de créditos
acumulados; e
III - intimar os interessados para assinatura.
Art. 8º O termo de autorização de transferência de créditos
acumulados e o termo de autorização para utilização de créditos acumulados
deverão ser celebrados entre o requerente e o Secretário de Estado da Fazenda,
em três vias, sendo a primeira entregue ao requerente, a segunda juntada ao
processo e a terceira encaminhada à Gerência Fiscal da SEFAZ.
Parágrafo único. A Gerência Fiscal da SEFAZ realizará o controle
do limite de que trata o parágrafo único do art. 3º da Lei nº 11.001, de 2019,
levando em consideração o montante que será apropriado em cada ano e
encaminhando relatório semestral ao Secretário de Estado da Fazenda.
Art. 9º O termo de transação deverá ser celebrado entre o
requerente e o Procurador Geral do Estado, se a finalidade do requerimento for
a prevista no art. 1º, II, "b".
Parágrafo único. O termo de transação deve ser lavrado em três
vias, sendo a primeira entregue ao requerente, a segunda juntada ao processo e
a terceira encaminhada à Gerência Fiscal da SEFAZ.
DAS
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 10. Nas hipóteses em que a celebração dos termos implicar
baixa de débitos, antes da remessa ao Arquivo Geral, o processo deverá ser
encaminhado para a Gerência de Arrecadação e Cadastro da SEFAZ, para registro
nos sistemas informatizados.
Art. 11. Os estabelecimentos que possuírem ou receberem
créditos acumulados de ICMS, que procederem a transferência ou utilização
conforme disposto na Lei nº 11.001, de 2019, deverão atender o disposto no art.
758-B, § 7º do Regulamento do ICMS/ES, aprovado pelo Decreto nº 1.090-R, de 25
de outuro de 2002.
§ 1º Sem prejuízo do disposto no art. 4º da Lei nº 11.001, de
2019, não será admitida a transferência de crédito para estabelecimento que se
encontre em situação irregular perante a SEFAZ.
§ 2º Caso o contribuinte destinatário do crédito acumulado
esteja com situação cadastral diferente de ativa, deverá requerer ao Secretário
de Estado da Fazenda autorização para sua utilização, com a dispensa dos
registros em livros fiscais e nos documentos relativos a informações
econômico-fiscais.
Art. 12. Na hipótese de haver saldo remanescente a pagar devido
a atualizações legalmente previstas, o interessado será intimado a recolher, em
Documento Único de Arrecadação - DUA separado, o valor complementar ao do
termo, para permitir a quitação do débito.
Art. 13. Ato do Secretário de Estado da Fazenda poderá dispor
sobre esclarecimentos e procedimentos adicionais aos previstos no presente
Decreto.
Art. 14. Fica revogado o Decreto nº 4.524-R de 29 de outubro de
2019.
Art. 15. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio Anchieta, em Vitória, aos 20 dias do mês de fevereiro de
2020, 199º da Independência, 132º da República e 486º do Início da Colonização
do Solo Espírito-santense.
JOSÉ
RENATO CASAGRANDE
Governador
do Estado